quinta-feira, 16 de abril de 2009

O perfil desejável do jornalista diante das transformações políticas, culturais, sociais e tecnológicas contemporâneas

Nessa primeira versão da sua proposta, o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo entende que o egresso do curso de Jornalismo deve:

1.1 Demonstrar competências profissionais, sociais e intelectuais para a criação, produção, distribuição e análise crítica referentes aos meios de comunicação, às práticas profissionais e sociais com elas relacionadas, e as suas inserções cultural, política e econômica;
1.2 Demonstrar competências que reflitam a variedade e mutabilidade dos fenômenos e demandas sociais e profissionais na área, propiciando uma capacidade de adequação à complexidade e à velocidade que caracterizam o mundo contemporâneo;
1.3 Saber utilizar criticamente, em sua atividade profissional, o instrumental teórico-prático oferecido em seu curso, com competência, portanto, para posicionar-se de um ponto de vista ético-político sobre o exercício do poder através do jornalismo, sobre os constrangimentos a que o jornalismo pode ser submetido, sobre as repercussões sociais que enseja e, ainda, sobre as demandas da sociedade contemporânea em relação à atividade;
1.4 Ter uma percepção fundamentada da sociedade contemporânea e desta área que adquire crescente complexidade, pluralidade e importância com a emergência de sistemas e práticas de comunicação que exercem crescentes determinações sobre a cultura, a política e a economia;
1.5 Perceber que, sem submeter-se aos rigores metodológicos próprios da ciência, o jornalismo tem o compromisso de perseguir um elevado grau de objetividade no registro e interpretação dos fatos sociais tendo, inclusive, a prerrogativa de amparar-se no conhecimento científico existente;
1.6 Perceber que o jornalismo, operando uma ruptura com a linguagem especializada da ciência, pode contribuir para a sua tradução e disseminação pública, de modo a qualificar o senso comum;
1.7 Perceber que, mesmo sem desfrutar o mesmo grau de liberdade de linguagem própria da arte, o jornalismo, ao adotar um criativo procedimento de seleção, hierarquização e apresentação dos fatos sociais, pode gerar percepções e interpretações aprofundadas e inovadoras da realidade que sejam, igualmente, capazes de qualificar o senso comum, enriquecendo o universo cultural dos indivíduos;
1.8 Reconhecer o interesse público existente em relação à geração de conhecimento válido sobre os fenômenos que envolvem o exercício do jornalismo e a especificidade que o distingue do conjunto do campo da Comunicação;
1.9 Ter proficiência na aplicação de teorias e técnicas relacionadas com as linguagens e práticas aplicáveis ao exercício do jornalismo.
1.10 Identificar a amplitude das decorrências da atuação profissional própria dos jornalistas e a existência de condicionamentos para o exercício da sua função social, o que implica na necessidade de discernimento para posicionar-se, em perspectiva social e individual, com o equacionamento de questões ligadas à democracia e à ética;
1.11 Alcançar compreensão e identificação dos fundamentos éticos prescritos para a conduta dos jornalistas profissionais e da atitude de cidadania necessária ao exercício profissional dos jornalistas, a partir do reconhecimento das expectativas e demandas da sociedade em relação ao seu papel social e ao produto da sua atividade;
1.12 Ter percepção do inter-relacionamento entre as funções profissionais dos jornalistas com as demais funções profissionais ou empresariais existentes na área das comunicações;
1.13 Perceber que, além do seu papel de produtor de conhecimento, característica do jornalismo contemporâneo, exerce o papel de mediador das outras formas de conhecimento e da pluralidade de opiniões que disputam o acesso à esfera pública social, o que lhe impõe a consciência de colocar o interesse público e a postura democrática acima de suas convicções pessoais.
1.14 Por fim, o egresso em Jornalismo deve ter sensibilidade profissional para compreender, e agir, num mundo em que o chamado 'espaço de trabalho' (já) não reside mais exclusivamente em estruturas empresariais, mas também e fundamentalmente em demandas sociais possíveis por uma informação plural, contextualizada e capaz de contribuir para com a construção da cidadania.

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